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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Alergias alimentares e outras coisas

Texto da Semana:

Cibele Pereira




Frequentemente recebo pais angustiados porque seus filhos não comem muito pouco ou são muito seletivos quanto ao leque de opções dos alimentos ou ainda, suspeitos de um transtorno alimentar (anorexia ou bulimia).  Boa parte delas apresenta histórico de alergia alimentar, podendo ser atual, ou um quadro de remissão.

Algumas apresentam comportamentos bizarros à mesa como comer com três ou mais talheres, sendo um para cada tipo de alimento que se vai ingerir. Há aquelas que comem apenas alimentos de uma determinada cor e outras que desejam comer no pratinho do gato.
Ao questiona-los como os hábitos alimentares foram construídos, nota-se que em geral, os processos se dão sob muita angústia e ansiedade dos pais, dadas as agravantes dos quadros alérgicos, o pouco tempo de que dispõem para as refeições,  cardápio monótono e alterações na vida social dos filhos.
 Os sentimentos de culpa e impotência são os mais frequentes e acabam por torna-los permissíveis além do ideal podendo consequentemente levar ao desenvolvimento de transtornos comportamentais em seus filhos. Administrar a própria culpa e ansiedade é um caminho seguro a trilhar.

A dessensibilização que consiste de uma lenta e branda exposição da pessoa alérgica ao alergênico é o tratamento top de linha para alergia, uma resposta imune exagerada a algumas substâncias. Curiosamente o termo também é usado em psicologia, em geral para o tratamento das fobias (reações exageradas de medo a um determinado animal ou evento) e transtornos da ansiedade. A pessoa é exposta muito lenta e brandamente ao que lhe causa medo até o abrandamento da resposta atingir níveis adequados.

Os pais e cuidadores de crianças alérgicas devem baixar também passar por um processo de dessensibilização adquirindo toda informação que a medicina tem a fornecer e lidando positivamente com ela. Não fiquem na dúvida, perguntem e ajam segundo as prescrições. Sintam estarem orientados.

Há quantidade e diversidade de estudos associando ansiedade e alergia suficientes para levar assunto a sério. Pais e tutores devem observar a si próprios e checarem se estão lidando com serenidade adequada quanto aos cuidados dos filhos ou se estão ansiosos e culpados  em demasia e alimentando os níveis de exigência e intolerância das crianças. Se sim, deve-se buscar atitudes mais equilibradas.

Buscar informação, diversificar o cardápio, estimular a inclusão da criança e dizer não, quando preciso, de forma assertiva e transmitindo confiança são elementos indispensáveis  para  harmonizar as relações entre pais e filhos.