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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Cuidados redobrados nas festas



Escrito por Cibele Pereira.



As festas de final de ano, geralmente ocorrem em um contexto agitado pelo transito, lojas cheias, preparativos para viagens, compras em lojas lotadas, enfim, um ambiente nada favorável para o exercício do controle sobre o que a pessoa alérgica está ingerindo. Diante de tantos estímulos, é normal que a atenção dividida prejudique o foco.
O sucesso com a atenção às pessoas com alergia depende de uma longa trajetória de conscientização iniciada quando a alergia é constatada e não às vésperas do natal ou outras comemorações, mas, seguindo a linha do prevenir é melhor que remedias, cabem algumas dicas:
Primeiramente, cabe aos pais ou tutores ajudar as crianças a cuidarem de si mesmas construindo autonomia. O objetivo é que a criança cresça aprendendo o que pode e o que não pode ser consumido em função de seu bem estar e saúde, lembrando que controle e paciência são aprendidos. Desta forma, quanto mais jovem a criança, maior a necessidade de controle dos pais.
Se as festas forem eventos em casa de familiares, fica mais fácil, pois o cardápio pode e deve ser preparado em respeito aos alérgicos, dado que o processo de inclusão começa em casa (sim, em casa e não na escola).
Em viagens, restaurantes e clubes, a informação de que pessoas com alergia alimentar estarão presentes aos eventos deve ser passada ao serviço de copa (sim, ainda existem serviços que precisam do aviso), que deve providenciar etiquetas nos pratos e bebidas indicando se foram preparados com leite, amendoim, soja, ovo, etc. Em caso de viagens, o alérgico sempre deve portar um aviso de que é alérgico, preferencialmente numa pulseira.
Muita cautela com produtos industrializados, mesmo os que não forem alimentos, como medicamentos por exemplo. Há que se ler rótulos e, é bom ter uma lupa na bolsa  porque os mesmos são quase ilegíveis em função do tamanho das letras. Produtos vendidos nas ruas merecem a mesma atenção.
Todos esses cuidados devem ser tomados preferencialmente de forma lúdica e bem humorada e, sempre buscando focar a criança em outros estímulos que não a comida. Valorizamos muito mais o que está na mesa e pouco quem está à mesa.
Uma boa conversa, uma boa brincadeira ou uma oportuna e bela referência à natividade podem nos fazer esquecer o peso das restrições e lembrar dos valores mais básicos e fundamentais que nos tornam mais fortes e felizes, aqueles que o aniversariante do dia 25 de dezembro nos deixou há mais ou menos 2015 anos.

Lindas festas!

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

SÍNDROME LÁTEX FRUTAS VEGETAIS - SLFV



SÍNDROME LÁTEX FRUTAS VEGETAIS- SLFV
por Daisy Fortes 



Pouco conhecida, porém com novos casos diagnosticados a cada dia, a Síndrome Látex Frutas vegetais, ou apenas SLFV, poderia incluir a palavra e outros em seu nome uma vez que todos os acometidos referem alergias múltiplas alimentares a várias categorias de alimentos.
A primeira reação de hipersensibilidade imediata ao látex foi descrita por Stem em 1997, na Alemanha (Ebo et al., 1997). Desde então, esta substância tem sido relacionada com urticária generalizada, rinite, conjuntivite, asma e choque anafilático (Latasa et al., 1995). No Brasil, a prevalência de hipersensibilidade a este material não é ainda conhecida (Geller et al., 1997).(Rev. Nutr. vol.15 no.1 Campinas Jan. 2002).
Incialmente, dizia-se ser uma alergia ao látex com reação cruzada às frutas. Em seguida passaram a serem referidas reações às castanhas, a mandioca, a batata, vegetais e muitas outras reações cruzadas vieram. Dizia-se também que era adquirida pelo excesso de exposição, mas bebes começaram a apresentar sintomas nas primeiras papinhas e constataram alergia ao látex e outros alimentos também.
As reações diferem em cada pessoa e para cada tipo de contato ou grupo de alimentos, em casos de maior sensibilidade apenas por inalar qualquer pequena molécula do alérgeno, e caracteriza-se como síndrome por apresentar diversos sintomas como:

  • Alergia sistêmica. É a reação alérgica causada pela inalação ou contato com as proteínas do látex. Os sintomas podem variar desde irritação ocular, rinite ou eczema até o choque anafilático.
  • Eczema de contato alérgico (dermatite de contato). Reações alérgicas nas mãos ou qualquer outra parte do corpo após contato com produtos que contêm látex. Essas reações normalmente são causadas pelas substâncias adicionadas aos produtos e não ao látex (artigos de borracha). Os sintomas são coceira, inchaço e eczema na pele afetada.
  • Dermatite irritativa. É uma reação não alérgica nas mãos ou em qualquer parte do corpo, é muito parecida com a dermatite de contato, porém não é alergia. É causada também pelos aditivos da borracha.

Entre as diversas dificuldades, portadores da SLFV e familiares encontram a falta de diagnóstico, os cerca de 300 mil produtos com látex que estão a nossa volta, os alimentos, medicamentos e ambientes hospitalares contaminados por látex, a falta de informação por parte de médicos e nutricionistas e a dieta que além de em alguns casos ser extremamente restrita e individual, não havendo orientações a serem seguidas por todos uma vez que cada um apresenta sensibilidades em grau diferentes a alimentos diferentes, o que faz da dieta de exclusão a única maneira de chegar a uma boa qualidade de vida onde as crises sejam evitadas ao máximo.
A cerca de 1 ano, pelo aprendizado após o diagnóstico que ocorreu a 5 anos,  após 40 anos sem saber o que tinha e com crises cada vez mais frequentes e graves que me levaram a cegueira e muitas outras consequências,  criei a página Síndrome Látex Fruta Vegetais no Facebook e a cerca de 10 dias  o grupo com mesmo nome, que já está com 28 participantes com a SLFV ou familiares, e a cada dia mais pessoas vem aparecendo, cheias de dúvidas, de angustias e a procura de soluções que os médicos não tem conseguido nos dar.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Alergias alimentares e outras coisas

Texto da Semana:

Cibele Pereira




Frequentemente recebo pais angustiados porque seus filhos não comem muito pouco ou são muito seletivos quanto ao leque de opções dos alimentos ou ainda, suspeitos de um transtorno alimentar (anorexia ou bulimia).  Boa parte delas apresenta histórico de alergia alimentar, podendo ser atual, ou um quadro de remissão.

Algumas apresentam comportamentos bizarros à mesa como comer com três ou mais talheres, sendo um para cada tipo de alimento que se vai ingerir. Há aquelas que comem apenas alimentos de uma determinada cor e outras que desejam comer no pratinho do gato.
Ao questiona-los como os hábitos alimentares foram construídos, nota-se que em geral, os processos se dão sob muita angústia e ansiedade dos pais, dadas as agravantes dos quadros alérgicos, o pouco tempo de que dispõem para as refeições,  cardápio monótono e alterações na vida social dos filhos.
 Os sentimentos de culpa e impotência são os mais frequentes e acabam por torna-los permissíveis além do ideal podendo consequentemente levar ao desenvolvimento de transtornos comportamentais em seus filhos. Administrar a própria culpa e ansiedade é um caminho seguro a trilhar.

A dessensibilização que consiste de uma lenta e branda exposição da pessoa alérgica ao alergênico é o tratamento top de linha para alergia, uma resposta imune exagerada a algumas substâncias. Curiosamente o termo também é usado em psicologia, em geral para o tratamento das fobias (reações exageradas de medo a um determinado animal ou evento) e transtornos da ansiedade. A pessoa é exposta muito lenta e brandamente ao que lhe causa medo até o abrandamento da resposta atingir níveis adequados.

Os pais e cuidadores de crianças alérgicas devem baixar também passar por um processo de dessensibilização adquirindo toda informação que a medicina tem a fornecer e lidando positivamente com ela. Não fiquem na dúvida, perguntem e ajam segundo as prescrições. Sintam estarem orientados.

Há quantidade e diversidade de estudos associando ansiedade e alergia suficientes para levar assunto a sério. Pais e tutores devem observar a si próprios e checarem se estão lidando com serenidade adequada quanto aos cuidados dos filhos ou se estão ansiosos e culpados  em demasia e alimentando os níveis de exigência e intolerância das crianças. Se sim, deve-se buscar atitudes mais equilibradas.

Buscar informação, diversificar o cardápio, estimular a inclusão da criança e dizer não, quando preciso, de forma assertiva e transmitindo confiança são elementos indispensáveis  para  harmonizar as relações entre pais e filhos.